Identidade no Centro da Segurança

Identidade como novo perímetro

A transformação digital e o crescimento do trabalho remoto revolucionaram a segurança cibernética, tornando a identidade o novo perímetro de proteção. Enquanto os modelos tradicionais de segurança se concentravam em proteger o perímetro físico da rede, a realidade moderna exige uma abordagem centrada em usuários, dispositivos e dados, independentemente de onde estejam. Este artigo explora essa mudança, os desafios associados e como estratégias como MFA e Zero Trust podem fortalecer a defesa contra ameaças avançadas.

A visão tradicional de perímetro de segurança

Historicamente, o perímetro de segurança era definido por barreiras físicas e tecnológicas, como firewalls, VPNs e sistemas de prevenção de intrusões (IPS). O objetivo principal era manter as ameaças externas fora da rede corporativa. No entanto, com a crescente adoção de soluções em nuvem e o trabalho remoto, essa abordagem centralizada perdeu eficácia.

De acordo com uma pesquisa da Gartner, até 2025, mais de 85% das empresas adotarão uma estratégia de segurança centrada em identidade, destacando a importância dessa mudança de paradigma.

Mudanças impulsionadas pela pandemia

A pandemia de COVID-19 acelerou a transição para o trabalho remoto, obrigando empresas a implementarem rapidamente soluções como VPNs para conectar funcionários às redes corporativas. Porém, essa transição criou novos desafios:

  • Aumento da superfície de ataque: Dispositivos pessoais e redes domésticas frequentemente não são tão seguros quanto os ambientes corporativos.
  • Maior exposição a ameaças: O uso intensivo de e-mails e ferramentas de colaboração digital aumentou os riscos de phishing e ataques direcionados.

Segundo um relatório da IBM, 61% das violações de segurança em 2023 envolveram credenciais comprometidas, enfatizando a importância de proteger identidades em um ambiente distribuído.

Identidade como novo perímetro

No novo modelo de segurança, a proteção não é mais definida por limites físicos, mas pela gestão eficiente de identidades. Isso inclui autenticar usuários, validar dispositivos e monitorar acessos em tempo real. Ferramentas de IAM (Gestão de Identidade e Acesso) desempenham um papel central nesse modelo, garantindo que:

  • Somente usuários autorizados possam acessar sistemas e dados corporativos.
  • Todos os acessos sejam rastreados para identificar atividades suspeitas.
  • Permissões sejam constantemente revisadas e ajustadas.

Métodos de autenticação

Proteger identidades exige a implementação de métodos de autenticação avançados. Entre os mais eficazes estão:

  • OAuth: Facilita a autorização segura, permitindo que aplicativos acessem recursos sem expor credenciais.
  • mTLS (Mutual TLS): Garante autenticação bidirecional entre cliente e servidor, utilizando certificados digitais.
  • SAML: Protocolo usado para SSO (autenticação única), reduzindo a necessidade de múltiplos logins.
  • OpenID Connect: Adiciona uma camada de identidade ao OAuth 2.0, ideal para autenticação em ambientes web e móveis.

Os ataques começam com senhas?

Estatísticas mostram que as senhas continuam sendo um dos principais vetores de ataque. Estudos indicam que:

  • 81% das violações de segurança envolvem senhas comprometidas, segundo o relatório de investigações de violação da Verizon.
  • Apenas 22% das organizações utilizam autenticação multifator (MFA) em toda a empresa, de acordo com uma pesquisa da Microsoft.

Esses números evidenciam a necessidade de implementar controles como MFA para mitigar o impacto de credenciais comprometidas.

Controles mais robustos de segurança

A proteção de identidades requer controles robustos que vão além das senhas tradicionais. Dois conceitos se destacam:

  • Autenticação Multifator (MFA): Requer que os usuários forneçam múltiplos fatores de autenticação, como senha e código temporário ou biometria, dificultando o acesso de atacantes.
  • Zero Trust: Modelo que assume que nenhuma entidade, seja interna ou externa, é confiável por padrão. Baseia-se na autenticação contínua e na segmentação de rede para limitar movimentos laterais.

Exemplo prático do Zero Trust

Imagine que um funcionário acesse uma aplicação financeira a partir de um dispositivo não registrado. Em um modelo Zero Trust, a tentativa seria bloqueada automaticamente ou exigiria validações adicionais, como MFA e verificação do dispositivo.

Conclusão

O modelo de segurança centrado em identidade representa uma evolução necessária para proteger recursos corporativos em um mundo cada vez mais distribuído. Implementar estratégias como MFA e Zero Trust é crucial para reduzir os riscos associados a credenciais comprometidas e aumentar a resiliência organizacional. Com a identidade no centro da estratégia de segurança, as empresas podem enfrentar os desafios modernos de forma mais eficaz e proativa.