Criptografia e Segurança de Dados
Publicado em 3 de Setembro de 2024
Criptografia é o coração da segurança da informação. Desde os tempos antigos até os dias atuais, a proteção de dados evoluiu drasticamente. Neste artigo, exploraremos a história da criptografia, começando pela Cifra de César, passando por modelos matemáticos modernos, e discutindo como a criptografia é usada hoje em redes, aplicações, anonimização e mascaramento de dados. Além disso, abordaremos as melhores práticas para o uso de hashes, armazenamento seguro de senhas, e uma análise sobre SSL/TLS.
Uma Breve história da criptografia
A criptografia começou há milhares de anos com a Cifra de César, uma técnica simples de substituição de letras utilizada pelo imperador romano Júlio César. A técnica básica envolvia deslocar as letras do alfabeto por um número fixo de posições. Embora rudimentar, essa abordagem foi o alicerce para o desenvolvimento de algoritmos mais complexos ao longo dos séculos.
Com o avanço da matemática e da computação, surgiram modelos criptográficos mais robustos, como o RSA e o AES (Advanced Encryption Standard), que são amplamente utilizados atualmente. Esses algoritmos usam técnicas matemáticas avançadas para garantir que os dados sejam criptografados de forma segura, tornando-os praticamente impossíveis de serem descriptografados sem a chave correta.
Criptografia em redes: SSL/TLS
Proteger dados em trânsito é crucial em qualquer sistema moderno. SSL (Secure Sockets Layer) e seu sucessor, TLS (Transport Layer Security), são protocolos de criptografia usados para proteger comunicações na internet. Eles garantem que os dados transmitidos entre um cliente e um servidor sejam criptografados, evitando que sejam interceptados ou alterados durante o trajeto.
O TLS opera utilizando criptografia assimétrica para trocar uma chave de sessão entre cliente e servidor. Após a troca, usa-se criptografia simétrica para criptografar os dados da sessão, o que garante segurança e desempenho. As versões mais modernas de TLS, como TLS 1.3, oferecem melhorias significativas em termos de segurança e velocidade, eliminando vulnerabilidades encontradas em versões anteriores.
Recomendações de segurança
- Use TLS 1.3 sempre que possível, evitando versões mais antigas e menos seguras.
- Certifique-se de que todos os certificados SSL/TLS sejam emitidos por uma autoridade de certificação confiável.
- Utilize certificados com algoritmos de hash seguros, como SHA-256, para evitar que eles sejam forjados.
- Renove regularmente os certificados para garantir que estejam sempre atualizados e válidos.
Criptografia em aplicações
No contexto de desenvolvimento de software, a criptografia é amplamente utilizada para proteger dados sensíveis armazenados ou processados por aplicações. Isso inclui a criptografia de informações financeiras, dados pessoais e segredos comerciais. Além disso, tecnologias como OAuth e mTLS (mutual TLS) garantem que a autenticação e a troca de informações sejam seguras em aplicações distribuídas.
Anonimização e mascaramento de dados
Com o crescimento da regulamentação de privacidade de dados, como a LGPD e o GDPR, as técnicas de anonimização e mascaramento de dados tornaram-se essenciais. A anonimização envolve a remoção de informações identificáveis de um conjunto de dados, de forma que a identidade dos indivíduos não possa ser rastreada. Já o mascaramento de dados oculta partes de um dado, tornando-o ilegível, mas ainda utilizável em ambientes de teste ou desenvolvimento.
Uso de hashes e armazenamento seguro de senhas
Os hashes criptográficos são amplamente utilizados para verificar a integridade dos dados. Um hash gera um valor único a partir de um conjunto de dados, e qualquer alteração nos dados originais resultaria em um hash completamente diferente. Algoritmos como SHA-256 são amplamente utilizados para verificar a integridade de arquivos, mensagens e dados em sistemas distribuídos.
Bcrypt vs Scrypt vs PBKDF2 vs Argon2
Quando se trata de armazenamento seguro de senhas, diversos algoritmos de hashing seguros estão disponíveis. Cada um oferece vantagens e desvantagens em termos de segurança e desempenho:
- Bcrypt: Amplamente utilizado, bcrypt é um algoritmo seguro que inclui um fator de trabalho ajustável, tornando o processo de hashing mais lento e, assim, mais seguro contra ataques de força bruta. No entanto, não é ideal para hardware moderno de ataque, como GPUs.
- Scrypt: Proporciona uma maior resistência a ataques com hardware especializado, pois exige mais memória durante o processo de hashing, além do tempo. Isso torna o Scrypt mais adequado para prevenir ataques usando GPUs.
- PBKDF2 (Password-Based Key Derivation Function 2): Usado por muitas aplicações de segurança, como o LastPass e o 1Password, PBKDF2 oferece segurança decente, mas pode ser mais suscetível a ataques com hardware especializado, se comparado com bcrypt e Argon2.
- Argon2: Considerado o mais seguro, o Argon2 ganhou a Competição de Hashing de Senhas em 2015. Ele oferece resistência tanto a ataques baseados em tempo quanto a ataques baseados em memória, sendo altamente ajustável para diferentes níveis de segurança e desempenho.
Recomendações para armazenamento de senhas
- Utilize Argon2 ou bcrypt para a maioria dos cenários de armazenamento de senhas, com um fator de trabalho configurado para aumentar a segurança.
- Adicione um sal (valor aleatório) único para cada senha antes de aplicar o hash, evitando que senhas iguais gerem hashes idênticos.
- Aplique múltiplas iterações (rounds) para aumentar a complexidade e dificultar ataques de força bruta.
Conclusão
A criptografia é uma ferramenta essencial para garantir a confidencialidade, integridade e autenticidade dos dados em um mundo cada vez mais digital. Desde os métodos históricos até as práticas mais avançadas utilizadas hoje em redes e aplicações, a evolução da criptografia continua a desempenhar um papel crucial na proteção de dados contra ameaças cada vez mais sofisticadas.